Jessé Scarpellini nasceu na cidade de São Paulo, em 14 de novembro de 1987. Inicia seus estudos musicais aos 11 anos de idade no Projeto Guri. Tem aulas de música erudita no Conservatório Dramático Musical de São Paulo. Como instrumentista na Escola Municipal de Música (SP) foi orientado pelo flautista Jean Nöel Saghaard. Estudou regência no Conservatório Jahn Sorhein, dirigido pelo maestro Carlos Moreno.
Especializa-se em teatro musical na Casa de Artes Operária, com a vocal coaching Andreia Vitfer. Participa também de curso intensivo de canto interpretativo com Beatriz Lucci e improvisação com Jonathas Joba.
Atualmente, promove com a musicista Flávia Melo o Fesival de Música Erudita de São Paulo e coordena a Academia de Música de São Paulo, que oferece gratuitamente aulas de instrumentos musicais e canto coral na região leste paulistana, projeto social premiado em 2010 pelo International Youht Foundation.
No teatro, em 2013, integrou os elencos do musicais "A Madrinha Embriagada" e "O Homem de La Mancha".
Jesse como iniciou o seu gosto pela arte, foi na infância ainda?
Minha família sempre foi bastante musical, aprendi flauta doce ao seis anos de idade, cantava em corais infantis e não parei, não tinha grana para cursos em conservatórios, então fui estudar no Projeto Guri, um projeto social que existe até hoje em São Paulo, aprendi a tocar flauta transversal, depois entrei na Escola Municipal de Música e a coisa foi ficando séria, minha vontade na época era ser maestro, nessa época já regia corais e orquestras amadoras. As coisas caminharam para outro lado, acabei ganhando uma bolsa para estudar Administração de Empresas e Marketing em Madrid, e eu fui. Quando voltei trabalhei por 4 anos na área, e dia a dia sabia que aquilo não era minha paixão, montei uma escola de música social com uns amigos, chama Academia de Música de São Paulo,um projeto social que ensina música gratuita para mais de 150 crianças, mas mesmo assim não me sentia completamente feliz, nessa época já formado em Administração eu estava estudando regência em um conservatório, e estudava também canto na Operária. Quado a minha professora Andréia Vitfer me questionou se eu não tinha vontade de fazer musicais, eu disse que não tinha experiência com dança, que já tinha estudado teatro mas que não tinha contato com teatro musical, na ocasião estava acontecendo as audições para "A Madrinha Embriagada", e ela me incentivou a fazer o teste só para ter uma experiência em audições, mas que era pra ir sem muitas expectativas por que seguramente eu não passaria, já que precisa de anos de preparo pra isso enfim. Fiz o teste entre 2600 candidatos, e fui passando, mas tinha certeza que mais cedo ou mais tarde eu seria reprovado, já que tinham grandes bailarinos audicionando comigo, no fim a despretensão me ajudou, semanas intensas e nove testes depois veio o resultado, eu tinha passado. Foi nessa ocasião que tomei a decisão de seguir o coração, larguei tudo, carreira, estabilidade e mergulhei numa nova vida. A responsabilidade era gigantesca, e eu vi que era exatamente aquilo que queria fazer, então investi todo o tempo livre em mais cursos, dança, teatro, canto enfim, o segredo é não parar de estudar nunca! Depois de um ano no Madrinha, entrei no Homem de La Mancha e bem resumidamente foi essa minha trajetória pela arte.
Dias atrás tivemos que assistir a volta da Censura, você já viveu algum fato com censura?
Já fui censurado mas não de forma oficial como neste caso do "Gigolô", em quaisquer formas de censura é preciso se posicionar e reagir. A censura no Brasil historicamente já nos trouxe prejuízos que jamais serão compensados, caminhamos anos luz ao passado, estamos engatinhando ainda culturalmente em alguns setores, por que nos amarraram por muitos anos. Deixar que isso se repita diante dos nossos olhos é inadmissível. O artista não deve pensar só no seu quadrado, não precisa tomar partido político de ninguém, mas precisa ser politizado (o que é diferente) e lutar pelos seus direitos, temos a sensibilidade e o poder da fala que nos destacam dos demais, usar isso para o bem e para aumentar a propagação da arte é imprescindível.
Qual a importância da arte na sua formação, como ser humano?
A arte me ensinou a ser crítico, a não se acomodar, a ver novas possibilidades em qualquer coisa, a ter disciplina, a compartilhar, a entender que a arte que me toca pode não ter nem cor para o outro, e vice e versa. A entender que existem mil formas de viver, de dizer a mesma coisa, de fazer algo. E a grande arte de tudo isso, é conseguir tocar a música certa na hora certa, ou seja, a arte é o lubrificante da vida.
Qual conselho você daria para jovens que sonham em seguir a carreira artística?
Não se deslumbrem, ser artista não é ser famoso, ninguém sabe o nome dos construtores das principais catedrais do mundo, só vemos o resultado final e não o artista em muitos casos, e isso não faz dele menos artista. Meu conselho é que façam outras coisas que não seja a arte pra viver, e se isso te gerar uma angústia, uma dor tão grande que chegue a doer pra respirar, então você vai ter certeza que é um artista de verdade, nesse ponto as coisas estarão mais claras e aí seja ousado, honesto e o resto vai começar a acontecer.
Jesse, Depois de ter participado do musical "O Homem de La mancha, já tem novo projeto"?
Dizem que artista não fica desempregado, ele sempre responde nesse caso: "Estou com uns projetos" haha. Na realidade eu fiz audições para musicais, mas por enquanto nada concreto. O legal é que no último ano tive um contato gigante com o vídeo, atuar na frente das câmeras é completamente diferente do palco, mas é tão bom quanto, acho que é como ir na pizzaria, e na outra semana ir em um restaurante japonês, os dois são sensacionais, matam a fome, mas são muito diferentes. Estudei um ano de atuação para TV, e agora comecei a estudar Cinema que é outro mundo, vou participar de um filme mas ainda não posso falar nada, coisa pequena mas ainda sim to empolgado aqui. Dá medo viver de arte, mas esse medo move a gente a não parar de achar possibilidades, ih to muito filósofo hoje vou parar por aqui pra não ficar chatão!.
Tiago Kaltenbacher é bacharel em música pela UNICAMP e tem especialização em Belting Conteporâneo. Tiago Kaltenbacher aplicou esses conhecimentos como assistente do maestro Marconi Araújo e performer em diversos projetos. Foi protagonista da versão paulista “Musicals in Concert” recentemente no teatro Itália, alem de fazer parte do elenco de “O Fantasma da Ópera” no Teatro Abril. Como cantor lírico atuou em varias óperas como Rigoletto e Colombo, montagens do Theatro São Pedro, alem de diversos concertos no Brasil . Aperfeiçoou seus estudos em Bruxelas, onde continua retornando periodicamente para manutenção de sua técnica.
O Baixo-Baritono Tiago Kaltenbacher, é possuidor de uma voz muito flexível, e comprometido com sua carreira, foca seus estudos sempre em melhorar sua técnica em pro da musicalidade. Vem desenvolvendo repertorio para concertos a serem realizados na Europa e Estados Unidos, juntamente com o maestro Marconi Araújo, alem de ter sido convidado a participar da primeira companhia de Ópera em concerto de São Paulo: Drama in Musica; que terá inicio dos seu trabalhos no ano de 2014, sediada no Teatro Itália. Seu último trabalho foi no musical "O Homem de La Mancha".
Bom primeiro me fale um pouco, como tudo começou, como a música chegou na sua vida.
A musica sem duvida foi a primeira arte a se manifestar na minha vida e nem posso dizer exatamente o momento, certamente foi muito pequeno. Já muito criança eu me mostrei interessado pela musica, em especial a clássica, o que me distinguia um pouco dos meus colegas e causava estranheza ate mesmo dentro de casa. Amava escutar obras como a 5ª sinfonia de Beethoven ou Quadros de uma Exposição de Mussorgsky entre outras, ficava grudado na radio cultura escutando a programação. Porem meus pais também não puderam me dar uma formação além de não entender muito bem o que estava acontecendo e eu fui em busca da musica em corais e posteriormente quando já estava trabalhando, como auxiliar de estoque, fui pagar meus estudos. Acho que esse é o inicio da musica em minha vida.
Depois dos três tenores Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti, outros vieram para o Brasil, como Andrea Bocelli e Andre Rieu. Isso que o grande publico, assim como eu, tem de acesso, a musica clássica, você teve alguma dificuldade, para iniciar nesta área?
Tive dificuldades sim como comentei na pergunta anterior, acho que a grande dificuldade foi estar imerso em um ambiente onde as pessoas não entendiam muito bem o que eu queria, não conseguiam alcançar essa minha paixão nem entender da onde vinha. Lembro-me do meu irmão olhando e achando estranho os meus interesses pela musica clássica, estranhamento fruto de uma distancia cultural na qual vivíamos e a qual eu tinha interesse. Natural! Hoje sei de diversos movimentos e ações culturais voltadas para a disseminação cultural publica a qual eu não sabia na época. Temos concertos gratuitos de grandes orquestras, operas, musicais, recitais e por ai vai, principalmente nos grandes centros culturais como é São Paulo, a dificuldade maior, ainda, é a distancia da grande mídia maciça que muitas vezes tem um foco diferente de interesses.
Os musicais estão cada vez mais se destacando, com grandes artistas, como Miguel Falabella, Claudia Raia. Existe a possibilidade da ópera, começar ganhar esse destaque no nosso país?
Eu acredito que sim e não acho tão distante, o que acho é que a opera e a musica clássica em
geral, tema tendência de um purismo que muitas vezes se confunde com um tradicionalismo, e em épocas de modernidade liquida, ajustes e adequações tem que ser feitas. O que eu vejo é um enorme publico apaixonados e ansiosos por essas entrada da opera nos tempos da pós-modernidade.
Lendo sobre você, descobri diversas artes, entre elas, música, artes cênicas, sapateado e modelo. Cada vez mais está sendo exigido, diversas habilidades. Quais suas dicas para quem sonha em ser um artista completo como voce?
Olha, o sapateado eu fugi, rsrsrsrs, já o teatro, a dança e expressão corporal surgiram com consequências do canto dramático ao qual eu optei como carreira. A necessidade de ter mais ferramentas para minha expressão artística me levaram ao estudo dessas outras artes que contribuíram imensuravelmente nas minhas conquistas. Já o modelo eu também fugi, pelo motivo de ir em caminho diferente do que eu foquei, e os trabalhos que eu tive surgiram ocasionalmente e pontuais como fruto do acaso.
Acho que a grande dica para ser um artista é a sinceridade com sigo próprio e a sinceridade com a arte. Fazer uma reflexão sobre a arte e o interesse por ela, de forma sincera e sem repressões leva a este sonho concretizado, seja quais forem esses interesse.
Tem mais alguma coisa que deseja falar?
O que posso falar é que os sonhos estão ao nosso alcance para serem vivenciados, as escolhas são nossas.
Parabéns pela sua carreira, pelo “O homem de La Mancha"