David Driesmans: Ivan Parente você é ator, cantor e compositor . Me conte um pouco sobre o começo de tudo, como você decidiu ser artista, sobre sua formação e qual conselho daria para quem quer começar nesta profissão, assim como eu, nesta área tão difícil no nosso país, que é de artista?
Ivan Parente: Ganhei um violão com 11 anos de idade e comecei a compôr. Cantava sozinho. Gravava tudo num gravador de mão. Na escola participei de festivais e chegamos a montar "Godspell". Lembro até de compôr uma peça com músicas da Turma do Balão Mágico. Quando sai da escola resolvi seguir a carreira de publicitário. Parei de cantar. Na faculdade encontrei com o Fernando Anitelli (O Teatro Mágico) e tivemos uma banda, "Madalenna 19", foi na época em que conheci Jarbas Homem de Mello que me apresentou ao teatro musical e fui tragado por ele. Me formei fazendo espetáculos. O teatro musical estava apenas recomeçando em 1996, mas fomos nos juntando e melhorando nossas técnicas entre nós. Um sabia dançar, outro atuar e outro cantar. Íamos nos ajudando até que tudo explodiu em 1999 com a chegada da CIE do Brasil e o musical "Rent". Ser artista exige paciência e humildade. Nem sempre estamos no topo. É uma montanha-russa de sentimentos e de possibilidades. Precisamos estar atentos ao que o mercado precisa e achar o nosso diferencial. O que nos torna alguém no meio de uma multidão. É necessário estudar muito e observar. Observar muito.
David Driesmans: Você atuou em alguns musicais como: em São Paulo e em outras capitais do Brasil. Entre eles estão: "Cazas de Cazuza", direção de Rodrigo Pitta e Daniel Salve, "Ópera do Malandro", direção deGabriel Villela, "Godspell", direção de Miguel Falabella, “Veneza", direção de Miguel Falabella., você gostaria de atuar em outro gênero no teatro, ou até mesmo um trabalho no cinema ou televisão?
Ivan Parente: Eu nunca me vi fora dos palcos de teatro musical. Gosto do gênero e me identifico. Fazer televisão e cinema ainda é minha segunda opção. Trabalhei com o Gabriel Villela na "Ópera do Malandro" e foi uma aula de teatro. Gostei muito de como a coisa era conduzida. Ler um material intenso de Brecht e John Gay. Pesquisar uma personagem. Entender quem a personagem foi antes de estar alí. Levo isso para a minha vida agora. Por isso eu amo trabalhar com o Miguel Falabella. Ele se preocupa com as entrelinhas. Nos dá material para entendermos a obra por inteiro e não somente a nossa parte. Digo isso porque ainda vejo atores de teatro musical entediados em seus papéis, sem tonos jogados em algum canto do palco ou mesmo jogando fora seus textos preguiçosamente. Eu gosto de fazer hoje "teatro musical" porque acho que tenho muito a oferecer aos que estão chegando.
David Driemans: Ivan, foram vários meses de Homem de La Mancha, teve algum fato curioso, engraçado, nos bastidores ou no palco? E qual principal bagagem vai levar deste período?
Ivan Parente: O espetáculo "O Homem de La Mancha" para mim é definitivamente um divisor de águas para o teatro musical brasileiro. Levará tempo para esquecê-lo. Desde a escolha do texto, a adaptação inteligente, a concepção visionária, as coreografias que contavam uma história, a produção impecável, figurinos para lá de criativos, técnica de luz, som, camarins e palco carinhosos e profissionais, elenco de primeira linha e tudo de graça. Difícil superar isso tudo. Fizemos muitos espetáculos e aconteceram milhões de situações, mas uma que aconteceu comigo e com meu parceiro de cena "Frederico Reuter" foi sensacional. Ele tinha acabado de cantar "Passarinho Cantor", dois atores o trocavam em cena, mas acabaram colocando a roupa de uma forma em que ele não conseguia se mover e ficamos ali, trocando palavras do tipo: "Esse tipo de coisa acontece", ou "Você tá todo errado". E todos aplaudiram até que conseguimos tirar o casaco dele e arrumar.
David Drieman: Você tem algum ídolo, alguém que te inspire, e qual seu maior sonho na carreira de ator. Tem um papel que gostaria muito de fazer. Deseja atuar em outros meios, como televisão e cinema?
Ivan Parente: Eu sempre acho que o próximo espetáculo é o meu maior desafio. Tem um monte de personagem que a gente gostaria de fazer. Tipo ser o Willy Wonka da "Fantástica Fábrica de Chocolate", ou o Doutor Dillamond de "Wicked". Acho que já fiz alguns que eu queria ter feito, Homem de Lata do "Mágico de Oz", Capitão Gancho de "Peter Pan" e recentemente tive a oportunidade de interpretar o Homem da Poltrona em "A Madrinha Embriagada", mas tenho certeza que não vou parar de contar histórias. É o que eu mais amo fazer.
David Driesmans: Ivan parente Você já tem novos projetos, quais os rumos que você vai seguir na sua carreira, a partir de agora?
Ivan Parente: Tenho vontade de continuar a fazer teatro musical e quem sabe poder cantar minhas composições por aí. Cheguei a gravar um disco em 2010 que não foi propriamente lançado, chama-se "Isto não é uma Declaração de Amor". Quem sabe.
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